O processo de um casal flui suavemente quando ambos, partindo de pontos diferentes, conseguem se juntar, fazer alguma coisa juntos e, então, sentir que completaram algo e ficaram satisfeitos. Qualquer interrupção neste processo resultará em insatisfação ou mau funcionamento — “algo que não está certo”.
A maioria dos casais chegam para a terapia quando já ultrapassaram todos os limites para o seu entendimento. A forma equivocada de lidar com as diferenças muitas vezes parece ser a principal fonte de sofrimento entre eles. O processo terapêutico tem como objetivo olhar para esse relacionamento e ajuda-los a construírem um final saudável.
Em nossa cultura existe o mito de que amar é apenas igualdade. O amor é confundido com anulação de si mesmo. Esse mito tem complexas raízes históricas e religiosas. É preciso compreender que quando nos anulamos deixamos de existir em nossas diferenças, experimentamos um vazio, uma agonia e uma solidão profundos, o que impede a possibilidade amorosa. Estamos detidos e fechados em nosso sofrimento. Em geral, esse estado de divisão e não existência tem origem em relações adoecidas em sua humanidade. Cardella, p.63,2009